A Força da Corrente Mediúnica
Muitas vezes, o dirigente da Casa religiosa nos fala da força da união e da corrente dos médiuns,
mas poucas pessoas realmente entendem e vivenciam esse grande ensinamento,
o que nos motivou a trazer esses apontamentos.
A corrente mediúnica se forma quando os médiuns estão com os seus pensamentos e finalidades semelhantes, pois isso faz com que vibrem em uma mesma sintonia, criando uma egrégora. Na corrente, há a participação consciente dos médiuns, pois cada indivíduo é quem cria o campo mental eletromagnético ao seu redor que permitirá a atração de espíritos na mesma faixa vibratória. Através da corrente mediúnica cria-se o contato entre as auras, unem-se os fluídos, harmonizam-se as vibrações individuais, os elos mentais ligam-se entre si e forma-se uma estrutura espiritual da qual cada pessoa é uma parte viva, vibrante e operante.
Através desse elo formado pelos médiuns, da energia fluídica dos médiuns e de seus Guias Espirituais, cria-se uma barreira energética vibratória que impede o ingresso de espíritos inferiores. Esse campo vibratório irá auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos, facilitando a aproximação e manifestação das Entidades afins. Para que essa corrente seja firme e positiva é necessário que os médiuns, ao menos a partir de sua entrada no Centro, elevem os seus pensamentos a coisas e situações positivas, a fim de que sejam atraídas Entidades evoluídas para a formação de uma corrente benéfica.
Dado que os seres humanos ainda estão engatinhando no seu mister religioso, é com certa frequência que a corrente mediúnica oscila, podendo trazer certo perigo a todos. Essa oscilação é gerada pela mente do médium que não está alinhada aos objetivos da sua Casa religiosa, quer por ignorância, quer por prepotência. Quando ocorre essa queda na frequência vibratória, é preciso que as Entidades de luz trabalhem mais arduamente para que possam defender e ajudar nos trabalhos que estão sendo realizados, trazendo também mais desgaste físico e mental para os outros médiuns da corrente.
Todo médium tem a obrigação e responsabilidade de vigiar o seu pensamento, a sua boca e o seu ouvido com o intuito de evitar que ocorra essa oscilação vibratória:
- Vigilância do pensamento: é fato que quase a totalidade dos médiuns chegam ao centro cansados pelo labor profissional realizado naquele dia, muitas vezes também chateados pelos dissabores enfrentados. Contudo, aquele que se dispõe a trabalhar a sua mediunidade, não importando a forma (cambono, ogã, médium de incorporação etc.) precisa aprender a limpar a sua mente assim que chega ao Centro. Isso não é tarefa fácil, pois temos uma inclinação a nos queixarmos, a falarmos de nossos problemas, mas é imprescindível afastar esses pensamentos exaustivos e mantermos o foco na religiosidade, nos trabalhos que serão realizados naquele dia.
- Vigilância do ouvido: de nada adianta ao médium fazer um esforço para se distanciar de seus problemas pessoais, mas ficar ouvindo o seu irmão de fé fazer queixas de sua vida.
- Vigilância da boca: é uma das mais difíceis: todo médium necessita aprender de uma vez a não falar mal do outro, que no Terreiro é o seu irmão de fé. É preciso se acentuar a humildade nos médiuns, pois temos que nos lembrar de que todos os que estão reunidos no centro foram enviados para lá pela espiritualidade, sem exceção, ou seja, todos os médiuns estão interligados de alguma forma, seja pela vida presente, ou pelas suas vidas passadas. E como seria horrível se, na hora de nosso desencarne, viéssemos a saber que aquele médium do Centro, de que não nutríamos afeição e até do qual julgávamos com nossas palavras árduas, houvera sido em uma outra encarnação alguém de quem tanto amávamos e que tanto nos ajudou! Já imaginaram a nossa angústia em sabermos que, além de termos perdido uma oportunidade de devolver toda a ajuda por nós recebida, ainda falamos tanto mal de quem outrora nos quis e fez tanto bem?!! (quanto tempo não ficaríamos presos no umbral por essa nossa aflição!).
Só com a mente vibrando em alta sintonia, no mesmo padrão elevado, é que é possível se realizar uma corrente mediúnica devidamente preparada para realizar todos os trabalhos necessários em uma gira umbandista. Por isso, é muito comum os dirigentes espirituais, e mesmo os Falangeiros, sempre pedirem aos médiuns para evitarem os comentários e conversas paralelas durante a gira, bem como também deixar de julgar as atitudes dos outros médiuns: é preciso manter o foco na busca de uma religiosidade sadia.
Trabalhar com a mediunidade é algo que nos exige verdadeira humildade e sabedoria, não é mister para qualquer um. É muito comum o médium novo ingressar cheio de energia e, ao longo dos anos, se esquecer do motivo, do amor que lhe conduziu para a senda religiosa. O verdadeiro umbandista não se deixa abater pelas intempéries do caminho, haja vista que todo mundo está sempre cheio de dificuldades. O médium consciente sabe que, assim como ele está cansado, com problemas, com pouco tempo, todos ao seu redor também estão.
De tempos em tempos, é oportuno que o médium faça um autoexame consciente para que possa se reconhecer ou se reencontrar no seu desenvolvimento espiritual, como por exemplo, para notar sobre tipo de pessoa ele se tornou, quais são as suas falhas e suas virtudes, qual o motivo de estar frequentando a gira umbandista como médium (se por vontade livre, ou por medo, ou porque alguém pediu), de como vem reagindo diante uma crítica ou elogio e se precisa de elogios constantes para trabalhar ou se lhe basta a satisfação pelo trabalho do grupo, enfim, precisa se perguntar se realmente continua preparado para aceitar a tarefa a qual lhe foi concedida pela espiritualidade.
É comum ouvirmos o dirigente ou o seu Guia Espiritual dizer: “olha a corrente”, “vamos nos concentrar”, "olha a concentração". Ao ouvir tais mandamentos, todos os médiuns devem se concentrar com afinco para manter a sua vibração elevada, pois aquele alerta significa que o dirigente sentiu uma queda ou diminuição na egrégora, sendo que uma boa corrente magnética é a condição mais importante para a realização de todo e qualquer trabalho espiritual.
A quebra de corrente se dá pela invigilância dos médiuns, como quando o médium está insatisfeito e começa a se chamar autossuficiente (achando que já sabe mais até que o dirigente e que nada mais há para se aprender) ou então quando lhe falta a humildade em reconhecer a chance que está tendo de se evoluir, etc. Em todas essas situações, ele faz decair o seu campo áureo, dando margem a que formas de pensamentos inferiores passem a atrair espíritos de baixa evolução espiritual.
Nesse mesmo sentido, quando o médium veste-se com uma vaidade extremada e passa a requerer toda a atenção da Casa, ou quando começa a divulgar maledicências sobre os outros irmãos da Casa (mesmo se verdadeiras), ele abre o seu campo mental para uma forma de obsessão muito difícil dos Falangeiros interromperem o acesso, pois foi o próprio médium quem abriu o caminho para que o mal se aproximasse. Assim, com a sua vibração inferior de tédio, de orgulho, é o médium quem está permitindo que os espíritos obsessores se liguem a ele e que enviem, através da conexão de seu pensamento, ataques espirituais em continuidade. Quando o médium cai nessa armadilha da autossuficiência, ele se torna um dos maiores obstáculos para os Falangeiros praticarem a caridade no Terreiro (essa quebra de corrente é muito perigosa e mais frequente do que se imagina, denominando-se: “abertura mento-psíquica para as induções mentais à distância”).
Em suma, irmãos, pisar em um Terreiro de Umbanda, oferecer-se para trabalhar a mediunidade é uma tarefa de imensa responsabilidade. Não importa a margem de anos em que estejamos cumprindo a nossa missão, é importante que jamais deixemos que as nossas dificuldade ou o nosso ego/arrogância se sobreponha aos interesses do grupo mediúnico.
Temos sempre que nos recordar que ninguém entra para a corrente mediúnica à força, todos enfrentamos grandes dificuldades no cotidiano, mas mesmo assim, é imprescindível mantermos a fé e o foco ao pisarmos no Terreiro de Umbanda, limpando a consciência e concentrando-se na corrente mediúnica. Quando ajudamos um semelhante com a força contida em nosso coração, automaticamente, a espiritualidade se encarrega de nos ajudar em nossos problemas pessoais.
Por isso, ao ingressar na Casa religiosa, mantenha o foco positivo, cante com louvor, ore com emoção, alimente positivamente o seu campo vibratório para que você seja uma soma, e não uma diminuição, nessa egrégora tão necessária para a atuação das nossas amadas Entidades.
Termino esse apontamento com um auspicioso ensinamento sobre esse tema, trazido por Cláudio Zeus (livro Umbanda sem medo, vol. I):
“Criada a egrégora como já vimos antes (pela união dos pensamentos direcionadas aos mesmos fins), cada vez mais energias de mesma sintonia são atraídas para o ambiente. Essas energias somadas atuam imediatamente nas pessoas que ali estão e em alguns casos, se for bem forte já começam a operar alguns 'milagres', desde que as pessoas estejam em estado de recepção (concentradas no ritual e ansiando por receberem um bem). As entidades afins (aí eu já estou falando de seres espirituais) penetram e até são atraídas para o interior. Entidades inferiores tendem a ser barradas por uma força invisível (a energia) que a princípio é incompatível com suas vibrações (isso se tudo estiver 'correndo bem').
...Grupos desunidos, por mais forte que queira parecer o dirigente, estarão sempre a um passo da derrota em função de não conseguirem gerar o ambiente propício para a presença de Verdadeiros Espíritos Guias.
A disciplina e a união em torno de objetivos comuns são partes sólidas da base que construirá o verdadeiro Templo – aquele onde comparecerão sempre os Verdadeiros Amigos Espirituais.”
O vídeo abaixo é perfeito para demonstrar a força de uma corrente mediúnica: se todos soubessem o quanto o carinho salva, a atenção alimenta e a união nos fortalece, médiuns e consulentes deixariam a sua pequenez de sentimentos de lado e passariam a seguir mais os ensinamentos transmitidos pelos Orixás, Falangeiros e pelos seus Dirigentes, com humildade e muito amor.